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EU ME LEMBRO DE VOCÊ - ANTES DAS RUINAS - PARTE FINAL

  • Foto do escritor: DIDI ANDRADE
    DIDI ANDRADE
  • 18 de mar.
  • 2 min de leitura

Fui tomado por um pressentimento ruim.


E por um sentimento Terrível.


E por uma ansiedade Horrível.


Tudo ao mesmo tempo.


Meu estômago embrulhou como se tivesse comido capim. Meus bigodes doeram como se quisessem cair. 


O terror que gelava meus ossos havia voltado, tão forte que arrepiou minha pelagem até o último fio preto. Tomados por aquele impacto gelado, meus membros ficaram moles e trêmulos… então percebi que não eram minhas patas… o chão parecia ronronar como uma fera furiosa, as paredes, os prédios… a cidade gemeu como uma besta moribunda.


E eu corri.


Corri como nunca corri antes.


…E nunca percebi que Óculos Fundos me seguiu.


Estava chocado demais pelo medo, disparei pelas pedras geladas da calçada não como os ratos que corriam para fora da cidade, desesperados. 


Acelerei com o terror arranhando meu coração como uma sombra, mas não para salvar minha vida…


Eu corri em direção de onde vinham os urros rangentes da cidadela: …A Grande Torre Torta.


Ela parecia tremer, como uma folha, mais torta do que nunca. Berrava, rangia, mais alto que qualquer presa que já matei antes poderia gritar, mais baixa que as marteladas que meu coração dava em minhas costelas.


Pessoas saíram das casas aos berros. Humanos gritaram, animais urraram. Alguém gritou atrás de mim. Corri. Cheguei na Grande Torre Torta… E me deparei com a cena mais impossível que eu já vi na minha vida.


… A Grande Torre Torta pairava sobre o chão como um pássaro faria. Flutuando a poucos metros do chão como um membro decepado, suas tripas de terra e metal despontando do chão…


Mas ela estava flutuando.


Pelos meus pelos, ela estava flutuando.


Flutuava contra aquele céu estrelado como um milagre impossível… Algo azul brilhando dentro de suas tripas de pedra como um coração moribundo.


E contra toda aquela visão…


Lá estava ele.


Canarinho.


Rindo, vitorioso, os braços abertos. Ele era como uma criança que viu o mundo pela primeira vez.


– EU CONSEGUI!! HAHAHAHAHA!! EU CONSEGUI!! - Então se virou para mim, nada surpreso por minha presença - VÊ? SÁBIA!! EU CONSEGUI!! - Então ele olhou para trás de mim, os olhos parecendo que iam derreter - Eu consegui Ben…


Meu pelo arrepiou quando eu olhei para trás… e encontrei Óculos Fundos, sem fôlego e sem palavras, encarando a torre torta como o milagre que era.


– Você… Você conseguiu…


Então meus dentes cerraram, minhas garras crisparam quando meus ouvidos gritaram com os berros das pessoas que chegavam a eles, com as gargalhadas de Canarinho, com… com os rangidos já mortos que a Torre cuspia.


Corri para Canarinho quanto ela tremeu…


Então meus tímpanos quase estouraram com o último longo grito que ela deu.


A Torre Torta caiu.


Sob as nuvens de poeira, pude sentir minhas patas trêmulas sobre o peito de Canarinho, que subia e descia. Fiquei aliviado. Não fomos soterrados.  


Então eu ouvi os berros de Canarinho.


Onde óculos fundos estava, havia uma pilha de pedras 


Como se o céu se revoltasse, começou a chover.





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3 Comments

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Guest
Mar 18
Rated 5 out of 5 stars.

Então,a estrutura ruiu!!Um símbolo se quebrou!Um ciclo soterrou e a vida continua.

Namastê!

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Ilma Pereira
Mar 18
Rated 5 out of 5 stars.

Gostei muito! Corri junto do gato, sentindo toda a adrenalina do momento. Parabéns!

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Guest
Mar 18
Rated 5 out of 5 stars.

Deslumbrante e fenomenal. Sensacional!!

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