A BOCA FALA DO QUE ESTÁ CHEIO O CORAÇÃO
- CARLA KIRILOS
- 25 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Entre alguns dos versículos bíblicos que aprecio em demasia, está “...a boca fala do que está cheio o coração.” (Mateus 12:34).
E por que gosto tanto? Porque as palavras comunicam mais do que simples ideias. Sobretudo, quando falamos sobre convicções, valores, ideais, pessoas e fé, expressamos mais do que meras opiniões: comunicamos um pouco de nós mesmos, da verdade do nosso coração.

Sem nos darmos conta, apenas tendo aberto a boca, já exprimimos o nosso estado de ânimo momentâneo: alegria, preocupação, impaciência, cansaço, medo, entusiasmo. Aqueles que conversam habitualmente conosco, conseguem até identificar traços do nosso caráter, que são revelados pela fala. Há quem fale com pouca sinceridade, protegendo-se sempre dos juízos alheios; outros não passam além das conversas superficiais; outros falam com impulsividade e indiscrição; outros, por autoproteção, transformam qualquer conversa em deboche; outros são negativos e pessimistas; outros falam muito de si mesmos; outros, ao abrir a boca, transmitem paz e confiança; outros contagiam o ambiente com ansiedade e desconforto, mentiras, calúnias, ódio, revolta, murmuração, invejas, ilegalidades, imoralidades, etc.
E, se há algo me inquietando atualmente, posso dizer sem sombra de dúvida, que é o propósito de buscar compreender melhor o que está acontecendo com a nossa sociedade e tentar verificar se o nosso coração está realmente cheio da maldade que está sendo destilada pelas nossas bocas.
Afinal, a palavra de um homem expressa algo dele próprio!
Será mesmo que ficar brigando entre amor e ódio é a solução para alavancar de vez o Brasil? Ao transformar tudo em um discurso reducionista de “ou nós” “ou eles”, o que realmente estamos projetando como alicerces para as gerações futuras? Não há mais capacidade de mediação? Esquecemos que as divergências são saudáveis e, discuti-las, na busca do consenso, é enriquecedor e pedagogicamente transformador? Foi abolida a opinião contrária e, se todos não pensarem da mesma forma, um está certo e o outro errado? Confesso que não estou dando mais conta destes absurdos que, para mim, já extrapolaram há muito o teor político das eleições.
As visões antagônicas de conservadores e progressistas se enfrentarem com o objetivo comum de promover o desenvolvimento do país e da sociedade é justificável.
Precisa acontecer para gerar mudanças.
Afinal, uma sociedade que pensa uniformemente não evolui. E não nos faltam modelos ditatoriais para comprovação. Lembrando que ditadura tanto pode ser de esquerda quanto de direita. E, a ignorância arrogante, nunca será uma exclusividade do campo conservador.
O primeiro-ministro britânico Winston Churchill, um leão conservador que colocava a democracia acima de tudo e ajudou a livrar o mundo do totalitarismo ao enfrentar Hitler na II Guerra Mundial, tinha os olhos bem abertos para os perigos da radicalização ao proclamar: “Fanático é aquele que não consegue mudar de opinião e não aceita mudar de assunto”.
Tomara que o Brasil, tanto o conservador quanto o progressista, consiga se livrar da armadilha dos exageros, buscando sempre a sensatez, porque quero crer que o coração do brasileiro não está adoecido pelo ódio e intolerância que tem saído, aos berros, da sua boca.
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Querida Carla,boa noite!
Ameiii seu texto! Mansidão em tempos de guerra. A boca fala o que temos no coração. Parabéns!
As palavras,atualmente,vomitam sentimentos,porque parece que muita gente adoeceu,mas só agora se manifesta doente.