Fofocas… mas literárias e edificantes
- ILMA PEREIRA
- 21 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de abr.
Crônica
Olá, sou Ilma Pereira, escritora e poeta de Belo Horizonte.
Por aqui, além de fazer indicações de livros, trago também fofocas literárias que só te farão bem.
Estou lendo mais um livro. E o livro da vez é “50 contos de Machado de Assis".
Sou apaixonada pela escrita de Machado hoje. Confesso que eu só o li na adolescência devido à escassez de livros disponíveis e não entendia muita coisa, mas agora, com minha maturidade literária, tenho relido e me deliciado com a fina ironia machadiana.
Recentemente reli “Memórias póstumas de Brás Cubas” e a frase final, famosíssima “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria” me deixou com um elefante atrás da orelha.
É sabido que Machado não teve filhos, declarados…
Em 3 de seus livros, ele trata da questão: filhos. Em Memórias póstumas, fecha com chave de ouro, com a frase que citei acima; em “Dom Casmurro” — seu mais famoso romance — há uma complicação por causa de um filho. Ezequiel é filho de quem? Já em Esaú e Jacó, o problema não é só com um filho, mas com dois, os gêmeos Pedro e Paulo, que brigam desde o ventre materno. Já no ano de sua morte, ele publica “Memorial de Ayres” e conta a história de dois velhinhos que só não foram completamente felizes por não terem tido filhos.
Então, lá vem a fofoca.
A questão é: não ter tido filhos seria uma dor, um desejo não realizado ou seria uma cortina de fumaça para encobrir alguma infidelidade?
Machado foi casado com Carolina Xavier, uma portuguesa, foram muito felizes por 40 anos, mas não tiveram filhos.
As más línguas da época diziam que o escritor Mário de Alencar, filho do também escritor José de Alencar, seria filho de Machado. Já as boas línguas dizem que ele, Machado, teria sido como um pai substituto para o rapaz, que ficou órfão bem jovem.
Eu sei, eu sei que serei apedrejada por levantar tal lebre, mas perdoem essa pobre leitora que acorda de madrugada com tais indagações, que vão além do “traiu ou não traiu”, que sempre incriminaram a pobre Capitu.
Para além disso fica a dúvida: Machadão traiu ou não a sua esposa Carolzinha?
Alguma advogada ou advogado a postos aí?
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Eu penso que Machado não traiu a esposa. Ela era bem mais velha do que ele (coisa incomum para a época), muito inteligente, não era dada a futilidades e isso o fez se apaixonar, eu creio. Ele, pelo que sabemos, muito concentrado na escrita, atento às dinâmicas sociais... Não sinto cheiro de traição no casamento dos dois. Há outras razões que os impediriam de ter filhos.
Texto muito explicativo. Eu adoro Machado de Assis! Acho que traiu sim...
Adorei! Trouxe informações sobre Machado que eu não sabia! 🫶🏽
Apesar de não ser grande leitora de Machado, achei muito curiosa a questão levantada, considerando que os autores acabam levando um pouco de si em cada personagem, tudo é possível. Parabéns, Ilma.
Oi Ilma, que bom você no Blog. Já li alguns livros de Machado de Assis. São livros acadêmicos, amei. Uma coisa tenho em comum a você:
Ler, escrever, curtir a família e viajar. Parabéns pelo texto e as conquistas. Maria Anésia