SER NINHO e SER PASSARINHO
- BETH BRETAS
- 14 de mai. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de jan. de 2022

...Então comemoramos mais um Dia das Mães, em 2021 !
Um dia em que ser filha é gratidão. Ser mãe é gratidão.
Mais um ano em que minha mãe é saudade. Minha filha agora é mineira-paulista. Meu filho está aqui. E a humanidade, em processo pandêmico, perdeu tantas mães!
Num tempo da minha vida em que descubro que “ser mãe” é minha melhor versão!
Foi fácil despertar essa versão. Minha mãe me ensinou a ser mãe, lindamente mãe. Meus filhos me ensinam a ser mãe... E eu acredito que...
“Quem dá à luz, também se renova.”
Carrego comigo, hoje, a minha melhor experiência, aquela em que não se pensa sobre doar, se doa. Aquela em que não se pensa em amor, se ama.
Aquela que me agigantou, me potencializou, me fez heroína, bruxa, fada, madrinha...
“Não tenha pressa em ser uma boa mãe...é um processo que leva a vida toda.”
Daniele Tubini
E, uma vez mãe, entre tantas experiências fora de curriculum, sempre mãe.
Imaginem a cena do dia em que a mãe, por um imprevisto, precisou buscar os filhos na escola e trazê-los de táxi...
O táxi para em frente ao portão. A mãe desce com filho pequeno no colo, bolsa, pasta, merendeira, mochila, brinquedo...
Abre o portão, e é recebida por um labrador que se aproveita da situação e sai para a rua.
A filha mais velha, que também é pequena, se desespera e sai atrás do cachorro, enquanto a mãe grita desesperada:
— Deixa esse cachorro ir embora! Eu não vou conseguir atender todo mundo ao mesmo tempo. Você vai acabar sendo atropelada!
— Nãããããão! Eu quero o meu cachorro! – responde a filha chorosa.
Meio desorientada, a mãe entra, joga tudo em cima do gramado, abre a porta da sala e coloca o filho no chão e pede para que ele espere um pouco.
Um pouco que nem ela e nem ele sabia que seria muito!
Vai até a área de serviço, pega a coleira e, com o coração nas mãos, sai para a rua, fechando o portão.
Ao sair, não vê mais a filha que já dobrou a esquina atrás do cachorro.
Ela começa a subir a rua e, de repente, aparece uma senhora com a neta e pergunta:
— O cachorro fugiu?
— O cachorro e minha filha que...
— Conheço essa história de cachorro que foge. Vou subir com você e assim que encontrarmos com eles, você cerca de um lado e eu do outro...
— Obrigada! Deixei meu filho pequeno sozinho em casa...
Nessa hora, passa um caminhão com homens na boleia e quando vira a esquina, ela escuta a batucada:
— Leleu! Leleu! Tum...tum...Leleu! Leleu! Tum...tum...
Sente alívio, pois foi sinal de que a filha ainda estava na rua de cima e não havia alcançado a avenida.
Acelerou!
Ao virar a esquina, ela depara com o cachorro urinando na árvore, o único estabelecimento da rua, o depósito, com a porta fechada e a filha irredutível, implorando para o Léo voltar.
Ela se aproxima e grita:
— LÉO! Seu cachorro sem vergonha, venha aqui AGORA!
Com a coleira aberta, ela vai se aproximando e ele se sentindo cercado, olha para um lado, está a senhora e a neta; olha para o outro, a menina chorando; olha para trás, ela e a coleira.
Ele começa a voltar devagarinho e, inacreditavelmente, ao se aproximar, abaixa a cabeça e recebe a coleira...
Uma cena cinematográfica!
Ela xinga tanto! Que não vê a senhora indo embora e, muito menos, agradece.
Nem o nome daquela senhora, a mãe desesperada ficou sabendo.
Chega em casa, abre o portão e encontra o filho soluçando, em pé, na porta da sala, como havia deixado – como se fosse uma cena de universo paralelo congelada.
Se aproxima e o coloca no colo, e ele soluçando:
— Ma-mãe, eu te po-po-cu-lei nus car-car-tus, na-na cu-cu-zinha, nus-nus ba-ba-nhe-los, na-na ca-ca-sa to- to-da e não te-te- en-con-tei...
O telefone toca e é uma amiga.
— Não posso falar agora, você não tem ideia do que acabo de passar, estou esgotada, o sem vergonha do Léo fugiu. Ele já voltou, mas a situação continua caótica, filha chorando e filho soluçando...
— Ela só vai parar de chorar, depois que você preparar uma água com açúcar...Vai lá! Ligo mais tarde – diz a amiga.
Ela obedecendo, preparou a água com açúcar, com o filho no colo. A filha acalmou e contou que estava revoltada com o pessoal do depósito, pois havia pedido ajuda e eles fecharam a porta. E aqueles homens idiotas do caminhão que a imitaram e riram dela.
— ODEIO AQUELES HOMENS IDIOTAS!!!
— Calma, minha filha, por favor! Tire seu uniforme, lave as mãos, vou preparar a mesa, precisamos almoçar... Depois me ajude a buscar as coisas que ficaram no gramado.
“No momento em que uma criança nasce, a mãe também nasce. Ela nunca existiu antes. A mulher existia, mas a mãe, nunca. Uma mãe é algo absolutamente novo.” Osho
Durante um longo período, depois desse episódio, o Léo só dormia debaixo da janela do quarto da menina chorosa.
E ela, o procurava o dia inteiro.
“Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é... amar."
Ser mãe, em mim, é um despertar amoroso de Marias e flores.
NAMASTÊ!
As delícias da maternidade narradas com alegria! Parabéns, Beth!😘
Eu po-po-po-cu-lei uma história melhor que essa e não encontrei 😭❤️😭❤️😭❤️😭
Bem diz o ditádo: " Ser mãe é padecer no paraiso".
Beta, texto lindoooooo! Nele você nos faz sentir que ser mãe é realmente uma delícia!!! E porque não dizer, uma aventura. Aventura de AMOR!!!!
Beth, Beta! Amei a sua belíssima narrstiva! Quanto amor e carinho! Emocionante mesmo! Parabéns! 🌹💓😘