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DEIXE O LIVRO

  • Foto do escritor: MARIA ANÉSIA
    MARIA ANÉSIA
  • 16 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de ago.


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Era a hora de leitura. Pedrinho tinha uma tarefa de ler todos os dias – estava muito fraco em Língua Portuguesa e sua professora lhe enchia o saco na escola.


-Pedrinho, se continuar lendo mal assim, será reprovado no final do ano.


O menino sentado à mesa da sala de sua casa, uma salona, arejada, toda enfeitada de vasos de flores, cortinas brancas e bordadas nas janelas. Podia ver lá fora em um galho da mangueira, o papagaio verde-amarelo expiando o dever árduo do menino.


Pedrinho lia, lia e, de vez em quando, interrogava a si mesmo.


-Reprovado, será mesmo o que é ser reprovado?


Inquieto, havia repetido a leitura muitas vezes. Já estava enjoado de tanto ler e aquela leitura não lhe interessava era nada. Falava umas coisas que ele não entendia, palavras desconhecidas, esquisitas. Uma história tão antiga, falando de períodos históricos da idade média. O menino tinha oito anos. Sei não, acho pesado demais. 


-Será que a mente desse molequinho consegue construir tais imagens? 


Pelo menos, se fosse “Os três porquinhos” dos anos sessenta, a nova adaptação, até dava para continuar. Os personagens: Palhaço, Palito e Pedrisco substituídos por Bolota, Bolinha e Bolão eram audaciosos, construíram suas casinhas e isso chama a atenção da garotada.


-Onde já se viu porco trabalhar? 


E ali no meio aparece um lobo, denominado de lobo mau. 


- Mau só porque queria comer os porquinhos? 


Os humanos matam e comem porquinhos e não são chamados de maus. Não entendo é nada, tudo confuso. 

 

Nisso, o papagaio bate as asas e assenta na mesa de Pedrinho. Ele meio espantado, deixa o livro. E aquele louro assanhado quer bater um papo legal com Pedrinho.


-O que foi, Louro, o que você quer? O louro com os olhos brilhando e arregalados, repete:

-O que foi, Louro, o que você quer?

-Oh, esse bichinho é bobo. Não é para repetir, Louro. 


Novamente, o Louro. “Não é para repetir, Louro.”


Pedrinho se zanga e grita:


-Louro, você não entendeu minha linguagem. Que coisa! 


O papagaio bate as asas e voa...repetindo com toda sua graciosidade.


Pedrinho, você não entendeu minha linguagem. Que coisa! 


Foi aí que a cabeça de Pedrinho abriu e ele muito triste disse:


-Eu também sou bobo demais, papagaio é ave, aprende repetindo. Eu sou gente. Tenho que aprender pensando. Vou dizer isso para minha professora.






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8 comentários

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Convidado:
03 de ago.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Como seria bom se todos entendessem que só se aprende pensando. Gostei muito do seu texto, Anésia! Beijocas, Carla Kirilos

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Convidado:
05 de ago.
Respondendo a

Verdade, Carla.

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Convidado:
20 de jul.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Maria Anésia, seu texto é lindo e necessário. As pessoas deviam saber que não se aprende repetindo... aprende pensando, pois o pensamento é fonte da criatividade, da autonomia e da liberdade. Amei a história do Pedrinho. Parabéns!

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Convidado:
21 de jul.
Respondendo a

Obrigada, bjos...

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Convidado:
18 de jul.
Avaliado com 1 de 5 estrelas.

Oi Bett, Jefferson e Júnia, bom dia amigos. Escrever é fantástico, ter alguém que lê e comenta é sensacional. Ambos têm o mesmo valor. Abraços...

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Junia Cristina
17 de jul.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Aprender pensando…

Mais correto não há!

Adorei!

Abraços, Júnia.

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Jefferson Lima
Jefferson Lima
17 de jul.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Sobre linguagem, aprendizado e uma crítica sutil ao sistema de ensino. Gostei!

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