MOVIMENTO

Lentos, ligeiros, infinitos passos...

Gordas, magras, altas, baixas

Brancas, morenas, mulatas, negras

Idosas, adultas, crianças, bebês, homens

Nos passeios, calçadas, diante do semáforo.

Mundão de gente andando a pé.

Carros, motos, bicicletas nas laterais...

Ônibus cheios até a tampa 

obedecem as regras do trânsito, em todo ponto param

Passageiros vão entrando, assentando

Outros viajam em pé, que jeito.

E lá vão todos, a rua cabe todo mundo.

Lá na frente, obras mudando o rumo da sorte...

Homens trabalham, suor derrama, ganham o pão

Carrinhos de mão a rodar, enxada nas mãos lá e cá

Tijolos, pedras, massa, aquele espaço é único

Trabalhadores alheios nem se dão conta.

Dentro do ônibus, olhos fitos em suas direções.

A rua não acaba...

Está debaixo da passarela. Pessoas indo e vindo

O trajeto é aéreo e une lado direito e esquerdo

Quem está de lá vê os de cá

Os de cima veem os de baixo

Ninguém sabe o que pensam e para onde vão.

O sol brilhando para todos.

O ar se coloca em movimento...

Agora, é vento que sacode as árvores

Ventilador que refresca os andantes

Redemoinho que levanta poeira

Força que faz as nuvens taparem o sol.

O calor diminui.

O Ônibus não para...

Está debaixo do túnel, segundo céu

Tanta luz, é mesmo um lugar sagrado

Não é não, é uma serra cortada pelo meio

Cujo brilho ofusca os olhos pecadores.

Nem assim deixam de observar.

E tudo vai ficando para trás...

Pedestres, lojas, moradias, sinais, semáforo

E, pois a missão foi contundente

O ônibus para: gente sai e gente entra

Movimento é vida. Vida é movimento.

Lá fora, os olhos descansam.

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