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CAMISA POLO AZUL

  • Foto do escritor: BETH BRETAS
    BETH BRETAS
  • 6 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura
Mãe é algo, definitivamente, inexplicável. É como ser uma célula que se renova a todo instante.

E a cada instante, todo o aprendizado se desfaz e tudo se reinicia para viver o momento presente.

Mãe é uma substância em constante experiência:

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Chegamos em casa, e não troquei a roupa do meu filho, como sempre fazia. Fui direto para a cozinha preparar o almoço.

Pica daqui pica dali...E de repente, paro para escutar os barulhos da casa e me espanto com o silêncio.

Como assim?!

Dois pequenos dentro de casa... Desliguei as panelas e assim que entrei na sala, o caçula, de 03 anos, estava parado, como uma estátua, na porta do escritório.

Já percebendo que algo estava muito errado, agachei perto dele e perguntei:

- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

Ele nada respondeu. Então, comecei a percorrer as mãos pelo corpo dele, tentando descobrir algo irregular...Enquanto meus olhos tentavam encontrar algum detalhe estranho na roupa dele.

E eis que descubro a falta de um botão, na sua camisa polo azul.

- Onde está o botão? – perguntei.

Ele levantou o dedinho e apontou o nariz.

- Você colocou o botão dentro do nariz?!

Ele confirmou com a cabeça.

A irmã escuta e entra em prantos:

- ELE VAI MORRER?!

- E descontrolada, permaneceu chorando.

- Filho, preste atenção: vou tapar uma narina e você vai fazer o movimento como se fosse espirrar. Entendeu?

E assim fizemos três vezes. Nada!

Peguei ele no colo e disse:

- Vamos tentar resolver na farmácia.

E deixando a filha chorando, fui para a farmácia que era uns 5min de casa.

- Não temos como resolver, você terá que ir ao hospital.

Retornei fazendo discurso na cabecinha dele:

- Agora é o seguinte, vamos para o hospital e lá não sei explicar como vão tirar esse botão. Você vai ter que aguentar, porque esse botão não pode ficar aí, entendeu?

Quando cheguei em casa, abri o portão, a irmã estava em prantos, na porta da sala, abraçada a um porta-retrato do irmão – que ela lutou sete anos para ter - e soluçando, perguntou:

- RESOLVEU?

- Não! Vamos para o hospital.

E aí, acredito, que todos os vizinhos escutaram o choro dela.

Coloquei ele no meio da sala, agachei e calmamente falei:

- Filho, vamos tentar, pela última vez. Vou tapar uma narina e você tenta espirrar, combinado?

E quando assim fizemos, vimos o botão voar e escutamos o barulho dele batendo na parede.

A irmã deu um grito:

- GRAÇAS A DEUS!

E se jogou no chão.

Sentei naquele piso, naquela sala, naquele instante e olhei para eles...

Levantei. Tirei aquela camisa polo azul tão linda que realçava as bochechas vermelhas dele e que eu adorava...

Tirei como se ela fosse uma arma letal.

Peguei a camisa e arranquei o outro botão e nunca mais coloquei nele uma camisa com botão.

Que mais posso dizer?

Consegui sobreviver, mais uma vez, a um momento torpor que invade as histórias tecidas por filhos e mães.


“A aranha dorme em sua teia, lá fora, entre a roseira e o muro.”

Cecília Meirelles


FELIZ DIA DAS MÃES!

NAMASTÊ!


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Carmen Santos Autora do Bendita

6 comentários

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Ana Carolina Bretas
Ana Carolina Bretas
09 de jun. de 2022

Coitada dessa irmã!!! Hahahahahaha

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Filipe Bretas
Filipe Bretas
07 de mai. de 2022

Na verdade, na última tentativa eu deu a sorte de espirra de verdade mesmo!!

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Estética e EFT com Helenita Bretas
Estética e EFT com Helenita Bretas
06 de mai. de 2022

Que sufoco! É preciso ter muita calma nessas horas, e vc teve.

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Dulce Bretas da Boa Ventura
Dulce Bretas da Boa Ventura
06 de mai. de 2022

Nossa Senhora ,mãe de todas as mães esteve presente com certeza nesse momento aflitivo que você passou minha querida irmã.

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Jane Aguiar Fernandes
Jane Aguiar Fernandes
06 de mai. de 2022

O seu texto, Miga, reforça e acentua o que cada mãe tem de mais curioso: sabedoria!!!!! Lindo texto!!!!!

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