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O QUE VAMOS TECENDO NESTE MUNDOONDE VAMOS NOS CONSTRUINDO?

  • Foto do escritor: BETH BRETAS
    BETH BRETAS
  • 2 de out.
  • 3 min de leitura
Parte 2/2:
TOMAGOCHI x BEBÊ REBORN

Novas formas virtuais de extravasamento emocional chegam ao mercado constantemente, aumentando o nível de interrogações sobre a sanidade das pessoas.


Parece que o ser humano, a cada década, se afasta mais e mais de suae ssência humana, por ver aumentado o nível de frustração, de decepção frente a outro ser humano. Enquanto a mente fértil, desses humanos, vai criando soluções e o afastando de sua humanidade, cada vez mais.


Somos mesmo tão decepcionantes assim? Se somos, não há como deixar de ser?


Que caminhos trilha a humanidade, quando tudo que se aperfeiçoa, hoje, são máquinas?! 

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O QUE VAMOS TECENDO NESTE MUNDO

ONDE VAMOS NOS CONSTRUINDO?


Se os relacionamentos são resolvidos por hologramas, por robôs quase humanos, se a maternidade é resolvida por Bebês Reborn?


Num tempo no qual a nossa própria forma de se expressar é solicitada por um assistente de IA, chamado de ChatGPT?


Que caminhos trilha a humanidade, quando tudo que se aperfeiçoa, hoje, são máquinas?! 


Por volta de 1996, um bichinho virtual, chamado Tomagochi, invadiu nossas casas. Ele estava atrelado ao objetivo de ensinar as crianças a cuidar do outro – um outro totalmente dependente – virou uma febre.


E foi assim que minha filha, por volta dos seus 6 anos, adquiriu o seu animalzinho de estimação virtual portátil – ele era em forma de chaveiro, sedento de necessidades a serem atendidas pelo cuidador: carinho, banho, alimentação, sono...Solicitações feitas em curto intervalo de tempo, onde caso não fosse atendido, apagava, ameaçando não resistir e morrer.


Colocaram uma responsabilidade absurda nas mãos de uma criança.


Com o tempo, passou a ser desesperante para minha filha, quando o Tomagochi apitava - ela parava tudo, para atendê-lo - tinha medo do seu bichinho morrer.


Um dia, ela amanheceu com tolerância zero e depois de atender todas as necessidades dele, ele continuou apitando...


E foi entre o espaço de sair da sala para o quarto, com ele apitando, o momento de sua crise nervosa. Pegou o Tomagochi e começou a sacudi-lo, gritando:


- QUE FOI?! JÁ FIZ TUDO QUE VOCÊ PEDIU!! QUE MAIS VOCÊ QUER?! ESTOU CANSADA DE VOCÊ! DORME!! NÃO AGUENTO MAIS!!


Fiquei olhando aquele esgotamento...


Que loucura estamos fazendo com as nossas crianças?!


E, então, ela veio em minha direção, entregando seu bichinho:


- NÃO AGUENTO MAIS! CUIDA DELE PRA MIM E NÃO DEIXA MORRER!


Olhei para aquela responsabilidade em minhas mãos... Ele já desfalecido, ameaçando apagar. Não falei nada, tentei reanima-lo, mas ele apagou e passei o dia com ele morto.


Ao anoitecer, me aproximei dela e disse:

- Acho que seu Tomagochi morreu. Vamos comprar outro?


Ela olhou com uma expressão de certo alívio e respondeu:

- Não precisa comprar outro. 


Ao recordar esse momento, percebi o quanto salvei a minha filha de se torturar por não ser capaz de cuidar de alguém...


Embora seja triste pensar nas crianças com o trauma por terem experimentado esse sentimento de frustração sem nenhuma necessidade.


”Ensina a sua criança a amar, ela aprenderá te observando.”

Luiz Davi


A nossa experiência com esse bichinho virtual estressante, se encerrou no mesmo ano em que entrou na nossa casa, mas o Tomagochi permanece no mercado com versões com Wi-Fi.


E em 2000, chegaram ao mercado os bebês de silicone e eles foram se aperfeiçoando até chegar, hoje, ao Bebê Reborn como uma febre, se espalhando...


Que caminhos trilha a humanidade, quando tudo que se aperfeiçoa, hoje, são máquinas?! 


O QUE VAMOS TECENDO NESTE MUNDO

ONDE VAMOS NOS CONSTRUINDO?


O Tomagochi veio para ensinar as crianças, principalmente as meninas, a cuidarem de um bebê: alimentar, dar banho, passear, dar carinho...


O Bebê Reborn veio para realizar o sonho da mulher de ser mãe...


Que caminhos trilha a humanidade, quando tudo que se aperfeiçoa, hoje, são máquinas?! 


Qual a nossa permissão de espaço consentida aos robôs como se eles só nos favorecessem, como se não acrescentassem nenhum perigo de dano emocional?


Ao robotizarmos, em qual patamar colocamos nossa responsabilidade sobre os nossos sentimentos reais?


E entre tantos questionamentos e opiniões sobre Bebê Reborn, escolho a Manuela Xavier:


“É uma jogada política do Sistema Patriarcal tentando despertar nas mulheres o seu lado maternal, num tempo em que as mulheres escolhem não ter filhos, vem ele aqui, o Sistema, mas uma vez, declarar não aceitar a escolha feminina de ser dona das próprias decisões”.


Precisamos pensar sobre a escravidão moderna, sobre o colapso da consciência humana, dentro de um Sistema onde tudo é mercadoria.


"Não é a inteligência artificial que devemos temer, mas a ausência de inteligência natural para guiá-la com sabedoria".

Andrés Gianni


NAMASTÊ!





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10 comentários

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Maria Anésia
13 de out.
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Oi Beth, só hoje pude ler seu texto e senti o quanto é necessário ler textos assim. Não sei até quando a humanidade descobrirá que está matando a si mesma. A IA é uma revolução, na minha opinião, perigosa. As pessoas não têm mais tempo para as pessoas. As máquinas fazem tudo, mas não têm sentimentos, emoções, amor e necessidade do calor humano. E o homem que tem tudo isso prefere ir morrendo aos poucos de estresse, ansiedade, depressão, solidão e outros transtornos mentais. A máquina, os robôs dão conforto, mas tiram a essência da vida. E aí, muita gente fica parecendo barata tonta sem entender o mundo. Maria anésia

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06 de out.
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Como não refletir sobre isso?!

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Convidado:
06 de out.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Que texto, falou tudo que penso, muito bom, muita verdade e muito triste ver a humanidade seguindo esse caminho.

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Convidado:
06 de out.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Que reflexão necessária!! Amei o texto, Beth!

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Convidado:
06 de out.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Beth, como erramos achamos que estamos certos , sabe cheguei a conclusão que a circunstância é sim a verdade, porém não para quem tem a fé... Isto vem do amor do Altíssimo e quantos estão abandonados, sofrendo na treva da escuridão. Eu rezo todos os dias, não tenho ilusões, só fé.

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