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SOBRE O NOSSO TEMPO

  • Foto do escritor: JEFFERSON LIMA
    JEFFERSON LIMA
  • 7 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de mai.


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(...)Porque o passado me traz uma lembrança

Do tempo que eu era criança

E o medo era motivo de choro

Desculpa pra um abraço ou um consolo


(...)

De repente, a gente vê que perdeu

Ou está perdendo alguma coisa

Morna e ingênua

Que vai ficando no caminho

Que é escuro e frio, mas também bonito

Porque é iluminado.

(Poema, de Agenor M. Araújo Neto – Cazuza)


Uma semana e meia após o falecimento do Papa Francisco, leio a notícia da morte da ilustre cantora e intérprete Nana Caymmi. Enquanto relembrava algumas das canções que ouvi na voz de Nana, o telejornal informa que houve três acidentes fatais na capital mineira  em menos de vinte e quatro horas. E, como se não bastasse, um grupo do WhatsApp me comunica sobre os acidentes diários na BR-381  um tapete de asfalto e concreto especializado em moer gente, que eu enfrentaria no dia seguinte com a minha família, sem sequer imaginar que passaríamos por um dos nossos maiores sustos.


Guardadas as proporções, passo a refletir sobre a nossa finitude. Para além da fama, da idade, da importância para o cenário mundial, regional ou familiar; independentemente das qualidades ou defeitos que, em parte, nos definem em vida, ninguém escapa do momento conclusivo. O que não deixa de ser, de certo modo, assustador, como bem cantou um dos expoentes da nossa MPB:


“O derradeiro ato meu

E eu terei de estar presente

Assim como um presidente

Dando posse ao sucessor

Terei de morrer vivendo

Sabendo que já me vou”

(Não Tenho Medo da Morte, Gilberto Gil)


Não temos o controle sobre o tempo da nossa permanência aqui; no entanto, a certeza de que os nossos dias estão contados é inegável. Diante do desconhecimento do número da nossa senha, o que faremos com o tempo disponível na fila da existência?


"Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; todos os dias determinados para mimforam escritos no teu livro antes de qualquer deles existir."

(Salmos 139:16)


Estar presente neste tempo é saber aproveitar cada oportunidade de expressar o amor que sentimos pelas pessoas que nos cercam; de poder ajudar dentro das nossas possibilidades e, quando necessário, permitir-se ser ajudado. É rir de coisas bobas e jogar conversa fora, seja à mesa de uma boa cafeteria ou na cozinha de casa, ou ainda num passeio de fim de tarde por uma praça, um parque, uma rua qualquer. É ter a sabedoria de considerar como produtivo não apenas o tempo que passamos no trabalho, mas também cada momento de descanso e lazer.


“Ensina-nos a contar os nossos diaspara que o nosso coração alcance sabedoria.”

(Salmos 90:12)


O nosso tempo neste plano da existência será muito melhor se conseguirmos destinar parte dele à leitura de poemas e boas histórias, à apreciação das músicas que nos emocionam, ao prazer de assistir a filmes que tragam leveza e reflexão, a viagens inspiradoras, à companhia de bons amigos, ao desfrute de um amor recíproco e ao desenvolvimento de uma espiritualidade que nos fortaleça e dê esperança. 


“Não quero morrer pois quero ver

Como será que deve ser envelhecer

Eu quero é viver pra ver qual é

E dizer ‘venha’ pra o que vai acontecer

Eu quero estar no meio do ciclone

Pra poder aproveitar

E quando eu esquecer meu próprio nome

Que me chamem de velho gagá.”

(Envelhecer – Arnaldo Antunes)


Iniciei o texto citando algumas perdas recentes, porém, estou escrevendo ainda sob o impacto, não apenas do meu susto, como também da leitura do livro A Morte É um Dia que Vale a Pena Viver, de Ana Cláudia Quintana Arantes. Preferi dar vazão aos meus devaneios a escrever uma resenha sobre a obra em si. No entanto, deixo aqui a indicação de uma boa leitura, que diz muito sobre a valorização do tempo.


⁠“Quando vem a percepção de que estamos abandonando o nosso tempo, matando-o, aí a escolha é muito mais urgente; a mudança tem que vir agora mesmo.”

(Ana Cláudia Quintana Arantes)






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5 comentários

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Convidado:
06 de set.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Jefferson, texto bonito e cheio de sentimento. Mistura poesia, fé e reflexão sobre a vida e a morte de um jeito que faz a gente parar e pensar no que realmente importa: viver bem, amar mais e aproveitar o tempo que temos. Parabéns!

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Convidado:
30 de mai.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Você me fez lembrar de outro livro que li um tempo atrás. Um mês para viver: Trinta dias para uma vida sem arrependimentos de Kerry e Chris Shook.

Afinal, a expectativa da morte iminente é capaz de despertar reações surpreendentes! Fica a dica da leitura. Carinho, Carla Kirilos


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Ilma Pereira
08 de mai.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Li o seu texto me identificando com tudo o que escreveu, e também sob o impacto de um acidente de trânsito que quase me custou a vida, assim como você. Fiz essa mesma pergunta: O Criador resolveu não chamar a minha senha no último momento? O que devo fazer para aproveitar essa segunda oportunidade?

Quanto ao livro da Ana Cláudia, li há pouco tempo e aproveitei muito sua sugestão: antes de morrer, há muito que se viver ainda.

Parabéns, querido amigo, excelente reflexão.

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Clarice Soares Barreto
08 de mai.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Assunto de muita reflexão.

Triste. Incomoda mas é necessário.

Li o livro e amei a conversa com a doutora.

Li o seu texto atenta às suas reflexões e importantes apontamentos.

Parabéns 👏 👏 👏 👏

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Convidado:
08 de mai.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Viver é deixar a vida correr como se nunca fosse acabar…Aos 20 anos tivemos medo de morrer, aos 30 outra vez,aos 40 aumentou o medo,aos 50…Passamos a vida temendo a morte,até nos surpreendermos por ainda estarmos vivendo.

Namastê!

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