ESPAÇO VAZIO
- RUBIA ARCE Admin Blog

- 30 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de out.
(Des)ilusão. Quando a ilusão se quebra, o que resta são fragmentos do que, sob alguma perspectiva, fazia sentido.

A verdade é que, às vezes, nos prendemos a ilusões - por mais infundadas que sejam - como uma forma de sobrevivência. E ignoramos a lógica, por um tempo, para recostar ao relento de uma ilusão "confortável". Até que ela se quebre, deixando um rastro vazio.
No segundo após despertar, o nada. Um segundo que parece durar uma eternidade, mas logo é interrompido por uma sensação absurda que só a constatação da realidade, há tanto ignorada, imprime... na alma.
Algo comparável a um luto. Luto do que foi idealizado e não existiu. Não é a primeira vez. Já sabemos como é.
Ali, se forma um imenso espaço vazio. É muito solitário esse lugar, perturbador. A ausência do sentido pode ser devastadora. Em algum momento, o olhar percorre o espaço como se buscasse por algo familiar, algo que não permitisse desistir. Mas, quanto mais se olha, mais vazio fica.
A escolha? Transformar esse sentimento em tormento eterno ou em ponto de partida.
Pessoalmente, nunca me foi familiar a opção de reclinar-me na relva da dor e assenti-la como condição permanente. Por um instante, talvez, ela se torne útil para resfolegar. Mas, logo o vento me encontra a face e os pulmões são preenchidos por um oxigênio devolvedor de vida.
E a mente que se recusa a descansar, se move. Em meio a dúvidas ainda muito presentes, questionamentos absurdos, momentos de genuína autodepreciação, e uma oscilante vontade de desistir, percebo um cheirinho de coragem.
Dessa vez, não haveria ambiente para permanecer igual, não poderia. Não seria inteligente insistir em algo que, obviamente, não funciona. Não funcionou.
Emociona-me sentir que algo sugere que o espaço, em pouco tempo, pode não estar tão vazio. Acho que espaços vazios são bons, quando os entendemos como um lugar para preencher com novas coisas.
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Gratidão por ler até aqui!
Com amor.
Até breve.
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Rúbia, que texto lindo e profundo! Eu vejo seus textos como trado perfurador de almas. Tomando com base o Livro a Insustentável Leveza do Ser, há em nós um vazio que nos move em direção a vida, mas este vazio não pode ser preenchido, porque ser for, alcançaremos a felicidade plena e a leveza total . O corpo físico não suporta esta leveza e aí vem a tragédia. A morte, muitas vezes trágica. Este vazio que você fala é a condição humana de nos manter vivos. É a condição de sobrevivência e resistência do aspecto tragicômico da vida.
Parabéns, Rubia! Ler você é aprender a cada palavra, pois cada uma delas nos remete ao mais âmago, ao mais essência …
Sim, Rúbia, os espaços vazios podem ser bons... E transformar os reveses em "ponto de partida" é uma sabedoria que se adquire ao longo do estradar. Siga em paz!
Uau!! Que texto profundo e intenso. E como é importante acolhermos os nossos vazios, que estão cheios de tudo.
Quando o vazio se estampa,não há como negar! Não há como negar a inexistência, porque ela também é presença.
Namastê!