UM REGISTRO NA MELANCOLIA
- RUBIA ARCE Admin Blog

- 31 de jul.
- 3 min de leitura
M.E.L.A.N.C.O.L.I.A - Palavra bonita da língua portuguesa.
Por definição - tristeza. Mas, para mim, um momento melancólico pode significar algo mais - eu entendo como uma introspecção, uma espécie de "momento de inspiração".

Dia desses, estava eu no meu turno de trabalho na empresa e olhei pela janela que fica ao final do corredor, diante de mim. Era um dia frio, e as folhas das árvores que eu percebi pela janela balançavam levemente com o vento.
Gosto de dias nublados. Não sei bem porquê.
Parei, por um breve instante e me flagrei a pensar na sensação daqueles dias. Daquele momento de vida que me preenchia. Isso me levou ao registro de um momento por absoluta presença.
Parei para ouvir os barulhos dos carros que a movimentada avenida lá fora emitia, assim como ouvi os sons que habitavam o local. A visão das árvores do lado de fora da janela, e os detalhes que percebi no longo corredor que se estende à minha frente. O cheiro suave da essência que perfuma meus dias de trabalho. A xícara de chá quentinha sobre a minha mesa, a sensação de mãos frias, já que o inverno desse ano não está para brincadeira.
Fui preenchida por uma leve melancolia, que me fez soltar um suspiro.
Soube, naquele instante, que não me esqueceria daquele momento.
Por um breve período de tempo, estive presente, para mim... para enxergar a vida que acontece ao meu redor. E penso em quão importante isso pode ser.
Tenho praticado isso em alguns dos meus momentos cotidianos. O som da minha família dormindo em casa - a imagem de dentro do transporte que me leva ao trabalho - o borbulhar da comida sendo preparada num domingo - o bom dia dos meus colegas de trabalho - a leitura dos textos dos meus autores do Bendita para publicar no Blog - as palavras carinhosas que ouvi - os inúmeros sons de vida que escutamos quando habitamos um apartamento - o vento batendo no rosto quando saio de casa - o som do sino da igreja que toca todos os dias às 18h - a sensação de epifania ao ler um trecho de um livro... E muitos, muitos outros momentos que cotidianamente preenchem os meus dias.
Nessa semana, extraí de um vídeo das redes sociais a seguinte reflexão:
“Eu fiz algumas das minhas memórias mais bonitas com pessoas que hoje são completamente estranhas.”
Essa riqueza de frase me fez refletir sobre aquilo que é ligado e desligado ao longo da nossa vida. Os processos pelos quais passamos, e como tudo é efêmero e desaparece tão rapidamente. Chega e vai embora. E ficam as sensações que causamos nas pessoas quando estamos perto. O perfume de vida que exalamos quando nossos caminhos se cruzam. E, enquanto durar, tudo será eterno.
A vida é muito bonita. As incontáveis nuances, tons sobre tons, que tingem as histórias por trás da nossa história, podem nos fazer enxergar o imensurável privilégio de estar aqui, vivendo esta vida, caminhando por estes caminhos, conhecendo estas pessoas, vivenciando essas experiências.
Saber registrar a beleza da vida com presença, é não se privar de ter o que de bom resgatar naqueles momentos desafiadores, é entender que não passaremos por esse mesmo caminho novamente, não pisaremos o mesmo chão, não será o mesmo vento a nos tocar a face ao sair de casa, não veremos a mesma imagem através da janela, nem ouviremos os mesmos barulhos de novo. Por isso, tal registro é o melhor que podemos fazer por nós mesmos.
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Gratidão por ler até aqui!
Com amor.
Até breve.
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Que bom! Aí está você escrevendo sobre os momentos de voltar a essência e se desligar das telas e das notificações. Precisamos sim de mais momentos como estes. Avante! Beijocas, Carla Kirilos
Linda reflexão ❤️
Que bela reflexão carregada de poesia! Um bálsamo, numa manhã ainda fria...
Que lindeza de texto!Que reflexão delicada sobre estar presente no tempo presente - esse AGORA que se encontra ausente em cada passo que damos.
Namastê!