NEM TUDO VAI CABER NOS SEUS BRAÇOS — E ESTÁ TUDO BEM COM ISSO
- CARLA KIRILOS
- 1 de jul.
- 2 min de leitura
Este texto nasceu inspirado na crônica de Michelle Prazeres– “Ninguém está dando conta. Que tal deixar um pratinho cair?” que li semana passada.
Você já assistiu àquele número clássico de circo, em que o equilibrista gira vários pratinhos em varetas finas, correndo de um lado ao outro do palco para que nenhum caia?
É bonito de ver. Mas viver assim — como se a vida fosse um malabarismo constante — não é espetáculo. É exaustão.

Tem dias que a gente se sente exatamente assim: equilibrando compromissos, filhos, trabalho, estudos, família, casa, corpo, mente, emoções. Tudo ao mesmo tempo. Como se fôssemos capazes de manter todos os pratinhos girando, sempre. Mas não somos.
Dias atrás, uma amiga minha me ligou aos prantos porque havia perdido um documento. Eu a consolei e disse, com carinho: “Ainda bem que foi esse pratinho que caiu.” Não porque era irrelevante, mas porque, diante de tantas responsabilidades que ela vinha sustentando com bravura, era o mais leve de deixar cair naquele momento.
Sim, algum pratinho vai cair. E isso não é fracasso — é humano.
Vivemos numa cultura que valoriza a performance acima do cuidado. Que nos vende a ideia de que só somos bons o suficiente quando damos conta de tudo. Mas essa mentalidade não cabe mais. Nem na alma, nem no corpo. Nem no tempo.
Temos confundido importância com urgência. E, no fim, sacrificamos o essencial por causa do imediatismo do mundo ao redor.Mas... o que é mesmo essencial?
É mesmo tão grave não responder todas as mensagens?
É mesmo falha não cumprir todas as metas?
É mesmo derrota admitir cansaço?
Desacelerar é um ato de coragem.
Dizer “não” é um gesto de sabedoria.
Deixar um pratinho cair — conscientemente — pode ser um exercício de fé.
Ao invés de manter tudo sob controle, que tal viver sob cuidado?Cuidar do que importa, do que é eterno, do que nutre.Porque o controle sufoca. Mas o cuidado liberta.
E para os dias em que o peso parece demais, gosto de refletir neste versículo bíblico que está em Mateus 11:28 e nos ajuda a lembrar o que nos sustenta de verdade:
"Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei."
O verdadeiro descanso não está em dar conta de tudo.Está em confiar Naquele que nos sustenta — mesmo quando os pratinhos caem. É nos braços de Deus que encontramos descanso.
E é ali que descobrimos: Nem tudo vai caber nos nossos braços — mas cabe nos Dele. Concorda?
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Texto poético que diz como a Síndrome de Bournout acontece. Muitos pratinhos trazem a exaustão.
Maravilha de texto, Carla! Que possamos caminhar com sabedoria e fé, sabendo que não se ganha sempre e que não é preciso carregar o mundo nas costas. Tenhamos paz!
"E é ali que descobrimos: Nem tudo vai caber nos nossos braços — mas cabe nos Dele. Concorda?" - Sim, concordo. Tenho vivido exatamente assim e como tem sido reconfortador não querer controlar tudo e saber que Deus cuida muito melhor do que eu. Muito obrigada pelo seu belo texto! Beijos, Ana
Um excelente texto, Carla. Uma verdadeira página de nossas vidas. Uma analogia vida x pratinhos. E quem um dia não cai? E o pratinho leve que cai, levanta forte - sabe que é nada. O espetáculo continua, pois, tira proveito da queda. "Desacelerar é um ato de coragem" mesmo porque não somos máquinas inventadas. Somos gente. Corpo que cansa, que dói e que pede descanso. E se perder, talvez, uma só peça, poderá morrer. Nunca mais será reformado. Mente exausta não tem produção e se produz, são coisas desnecessárias, sem utilidades.
Que possamos enfrentar com mais calma, sem nos torturarmos tanto, todos os momentos da queda de um prato.
Namastê!