ANSIEDADE E ESPERA
- TEREZINHA ARAÚJO

- 8 de jun. de 2023
- 3 min de leitura
Tenho estudado muito sobre os transtornos mentais, especialmente a ansiedade, que parece mais uma epidemia. Quem não sente, mesmo que em alguns momentos, a tal da ansiedade?

Definimos ansiedade como um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho e de fobia social. Um sentimento livre e impertinente de apavoramento, preocupação, caracterizado por pensamentos inversos ou misturas de muitas informações, preocupações ou até mesmo precipitação de afazeres.
Pode aparecer ainda alguns desses, ou todos os sintomas: sudoreses, tremores, dores pelo corpo, dispneia, agitação e angústia, que é um medo sem objeto. Ocorre também mudança de humor com pensamentos conflitantes, negativos e expectativa apreensiva.
Os antidepressivos, os ansiolíticos atuais agem na sinapse celular; sob essa ótica, a depressão e ansiedade nos são apresentadas como síndromes que devem ser erradicadas, independentemente dos motivos que levaram a elas e da história de vida do sujeito, pois, estar deprimido e ansioso é ruim, sinal de disfunção orgânica e de fracasso do funcionamento do corpo.
À psiquiatria atual, interessa interromper a disfunção, erradicando o sofrimento imediato, sem fornecer ao sujeito a possibilidade de encontrar o caminho da simbolização. Com isto, o sujeito permanece numa posição empobrecida, dependente de uma solução mágica que as pílulas trazem.
A ansiedade é, assim, uma das formas de sofrimento psíquico predominante na pós-modernidade, e está fortemente correlacionada e reflete uma sociedade na qual reina a lógica do espetáculo e uma cultura do narcisismo (Birman, 2001). Se aliada a essa exigência, o sujeito traz em sua constituição uma fragilidade psíquica, está pronto para o desencadear de um adoecimento psíquico, um quadro de ansiedade de variado espectro.
BUSCA POR ADEQUAÇÃO
Quase todos nós crescemos sempre buscando ser adequados e certos, acreditamos que não somos suficientemente bons para ser amados pelo que somos. Procuramos, desesperadamente, igualar-nos a uma imagem que criamos de como deveríamos ser. O esforço metódico para sustentar essa versão idealizada é responsável por grande parte dos nossos problemas de relacionamento conosco e com os outros, e das doenças que desenvolvemos.
É possível abandonar nossa compulsão por fazer-nos seres idealizados, nossa expectativa fantasiosa de perfeição e nosso modelo social de felicidade. O ser idealizado é uma fantasia mental.
Sofre-se de tristeza, solidão, sentimento de abandono, de inadequação, toda vez que se despreza as suas inerentes vocações e naturais tendências de sua alma. Assim, distanciados de quem realmente somos, cria-se um autodesprezo, passando, a desenvolver o sentimento de menos valia, de esgotamento.
TEMPO DE ESPERA
Mas, nem sempre a ansiedade, tristeza, angústia, ou sofrimento devem ser encarados como doença ou insânia. É, em muitas ocasiões, períodos de preparação, tempos de crescimento e de espera, convites ao encontro consigo e com o outro, com Deus, ao amadurecimento emocional e espiritual. A espera está muito na contramão do mundo moderno, onde impera a cultura da urgência. Espera tem a ver com expectativa, com esperança, e estas podem ser frustradas, então, melhor não tê-las.
Porém, quando penso em espera, em esperança, ou expectativa, penso em movimento, uma espera que nos leve ao próximo passo, a gozar o tempo presente, caso algo tenha dado errado ou não tenha sido como imaginei.
Podemos, ao final, transformar o sofrimento em um desejo novo, ou repaginado. Podemos criar projetos, podemos simplesmente usufruir do dia de hoje, ao invés de ficarmos paralisados em nossas frustrações, ou idealizando um futuro, do qual não temos domínio.
O tempo de espera pode ser um tempo precioso para ver, sentir, tocar, ouvir, cheirar a nós mesmos e o nosso redor. Para poder, de fato, avaliar o que se passa. Enquanto esperamos, podemos somente sofrer ou podemos nos encontrar para viver de uma outra forma.
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Ansiedade é o uma das nomenclaturas pra dizer da angústia. E que bom poder compreende-la e aceitar como emoção.
Há um grande aprendizado no tempo da espera. Vale à pena! Carla Kirilos
Já tive crise de ansiedade,em momentos de exigências extremas.
Momentos em que acreditamos que vamos entrar em colapso total
Porque a vida,às vezes,pesa.
Namastê!